A Semana de Geografia é um projeto de extensão que surgiu em 2003, por iniciativa de alguns estudantes do curso de geografia, oriundos da escola pública. O objetivo inicial era colocar em pauta um assunto esquecido pelo Departamento de Geografia: o ensino e a formação de professores.
Desde a primeira edição, o projeto cria espaços momentos de problematização, discussão e reflexão sobre a formação de professores e sobre questões estruturais concernentes à Educação, tendo como público-alvo: alunos, professores e estudantes da graduação em Geografia.
São esses espaços que evidenciam, que é antigo o projeto político que sucateia e precariza o ensino público e seus professores. Projeto esse, que tem como um de seus principais efeitos, a transfiguração do saber e o processo de aprendizagem humana em mercadoria.
Foto da XII edição da Semana da Geografia com tema "A construção da identidade do aluno e da aluna no espaço escolar, a partir do lugar."
E é por essa razão que a formação de professores constitui uma questão central nesse contexto, sendo objeto das atuais reformas educacionais, sem ser contemplado em debates acadêmicos e das entidades científicas e profissionais.
Nesse sentido, as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas nas universidades devem caminhar na direção de integrar a universidade à sociedade e de discutir possibilidades para o ensino emancipador em todas as escalas.
Assim, as atividades da Semana de Geografia, pressupõem o compromisso ético da comunidade acadêmica na abordagem de problemas da sociedade contemporânea sob a perspectiva do ensino de geografia, e apontam a possibilidade da construção de um novo espaço de diálogo, que discuta o pensar e o fazer da geografia na sala de aula e sua relação com o mundo.
As integrações e trocas das diferentes instâncias educativas, de experiências e vivências entre profissionais do ensino de geografia, estudantes da graduação, da licenciatura e da escola pública, são fundamentais na construção de parâmetros educacionais próximos às necessidades de compreensão que a sociedade comporta.
Desde a sua criação, nosso objetivo é o mesmo: aproximar a escola pública da universidade pública. Para tanto, defendemos a existência, a qualidade e a gratuidade de ambas, além de lutarmos pela boa formação e valorização dos/as professores/as. Todos esses movimentos convergem para a defesa do ensino público brasileiro.
Sob essa ótica, podemos perceber que a Semana não é apenas um projeto de extensão universitária. A Semana é um movimento. E assim como outros movimentos sociais nacionais da atualidade, vamos contra as lógicas neoliberal – com os planos de minimização e sucateamento do aparelho do Estado – e neofascista – de disseminação do ódio, por meio do fomento ao racismo, a LGBTfobia e ao machismo.
Sabemos que, tanto o neoliberalismo quanto o neofascismo, têm ganhado assustadora ascensão nas últimas duas décadas. Mas, aqui estamos nós. Duros como diamante e organizados como uma carta topográfica, sendo uma rocha no sapato de quem que transfigurar a educação em mercadoria e não em emancipação!